A proeminência de espaços perivasculares cerebrais (EPV) tem sido associada à presença de doença de pequenos vasos. Pesquisas apontam que os EPVs provavelmente desempenham funções como componente do sistema glinfático, promovendo drenagem de fluidos cerebrais. Dessa forma, como resultado da doença microvascular, o alargamento dos EPVs possivelmente representa o acúmulo de debris celulares e outros resíduos.
Os EPVs costumam ser observados em maior abundância nas regiões centroencefálicas e nos centros semiovais, podendo envolver tanto vênulas quanto arteríolas. E como determinar qual a estrutura vascular envolvida? Sabemos que, nas sequências ponderadas em susceptibilidade magnética (SWI), o sangue desoxigenado promove contrastação vascular que, neste contexto, mais provavelmente representa estrutura venosa. Dessa forma, o objetivo deste estudo é avaliar a taxa de sobreposição espacial entre os EPVs alargados e a distribuição venular. Será que eles representam mais provavelmente doença microvascular arterial ou venosa?
Qual o método utilizado?
Este estudo envolveu pacientes com AVC lacunar ou AVC isquêmico não incapacitante, submetidos à ressonância magnética cerebral. Através de um método visual de quantificação venular (desenvolvido para este trabalho), observou-se a relação espacial entre vênulas (usando SWI) e EPV (através de imagens ponderadas em T2) nos centros semiovais e regiões centroencefálicas.
Vamos aos resultados!
Foram incluídos 67 pacientes no estudo, com média de 33.22±11.83 vênulas e 55.33±28.62 EPVs por paciente. Vênulas foram mais observadas nas regiões periventriculares e os EPVs próximo ao córtex. Quando muito abundantes, mais EPVs foram identificados na superfície ventricular. Houve sobreposição de EPVs e vênulas em apenas 4,6% dos casos e, na maioria das vezes, suas morfologias diferiam entre si.
Dessa forma, apesar da maior identificação de EPVs e vênulas nos pacientes com doença de pequenos vasos esporádica, houve mínima sobreposição espacial entre eles, sugerindo que os EPVs vistos na ressonância magnética são mais provavelmente periarteriolares e não perivenulares.
Interessante, né?
Fonte:
Angela C.C. Jochems et al. Stroke. 2020