A doença de Ménière (DM) é caracterizada pela presença de episódios de vertigem, disacusia para baixas frequência sonoras e zumbido. Os critérios clínico-diagnósticos incluem 2 condições distintas – DM definitiva e provável.
Os sintomas da DM são sobreponíveis a outras condições relacionadas a vertigem da orelha interna. O achado patológico principal associado é a hidropsia endolinfática (HE), sendo bem visualizada em estudos de RM de 3T em sequências tardias à injeção do gadolínio. Entretanto, este achado não é considerado atualmente nos critérios diagnósticos de DM, uma vez que pode ser encontrado em indivíduos normais, monossintomáticos ou com migrânea vestibular.
A hidropsia vestibular, particularmente do sáculo, parece ter uma estreita relação com a DM. Outros estudos incluem também a ocorrência de realce perilinfático como um parâmetro também concordante com o diagnóstico de DM.
Este trabalho visa avaliar a presença de hidropsia endolinfática e realce perilinfático no diagnóstico de DM e em pacientes com outras condições relacionadas à vertigem da orelha interna.
Como se deu o estudo? Foram incluídos 193 pacientes com > 18 anos, não operados, com diagnóstico clínico de DM provável e definitivo, e paciente com vertigem +/- disacusia e +/- zumbido atendidos em um centro de referência para vertigem.
Os pacientes foram divididos em 4 grupos: 1) DM definitivo; 2) DM provável; 3) outras condições relacionadas a vertigem da orelha interna e 4) assintomáticos. Todos os pacientes foram, então, avaliados em RM de 3T (T2-SPACE e 3DFLAIR após 4h pós injeção do gadolínio).
Foram avaliados o grau de hidropsia e sinal da espira basal da cóclea. A hidropsia endolinfática foi avaliada na cóclea e vestíbulo segundo score de Barath. Além disso, a presença de dilatação do sáculo não confluente com o utrículo foi considerada grau I de Barath. O grau de realce da espira basal da cóclea foi definido quantitivamente e qualitativamente (> intensidade de sinal do lado contralateral).
A média de idade dos pacientes foi de 55,8 anos, com tempo médio de 3 anos de duração da doença.
A presença de hidropsia endolinfática vestibular e coclear ocorreu em 91,9% dos pacientes com DM definitiva, com sensibilidade de 0,92 e especificidade de 0,93 para o diagnóstico de DM definitivo versus outras condições relacionadas à vertigem da orelha interna.
A presença de realce perilinfático (quantitativamente e qualitativamente) foi mais frequente nos pacientes com DM que nos outros grupos. Observou-se também maior presença de realce perilinfático nos pacientes com outras condições relacionadas à vertigem da orelha interna versus os assintomáticos, sendo usado como um marcador de atividade de doença, não podendo ser usado como diagnóstico.
A combinação de hidropsia endolinfática e reace perilinfático foi vista em 81,9% dos pacientes com DM definitiva versus 3,1 % dos pacientes com outras condições relacionadas à vertigem da orelha interna. Assim, aumentaram a especificidade e o valor preditivo positivo no grupo com DM definitivo. Esta combinação só foi vista em 42,9% dos pacientes com DM provável, favorecendo o diagnóstico definitivo nestes casos.
Portanto, a combinação de hidropsia endolinfática (HE) e reace perilinfático (RP) está associada com o diagnóstico de DM definitivo e não com o de outras condições relacionadas à vertigem da orelha interna.
Vamos às imagens do artigo?
Qual sua experiência com este protocolo de estudo e a Doença de Menière? Conta pra gente!
Fonte:
van Steekelenburg JM, van Weijnen A, de Pont LMH, et al.
American Journal of Neuroradiology March 2020.