O coronavírus têm acometido o sistema respiratório como principal alvo, porém tem características neuroinvasivas e pode ser disseminar do sistema respiratório para o sistema nervoso central. A anosmia – perda do olfato – é geralmente acompanhada de alterações no paladar, sendo um sintoma que ajuda no diagnóstico de COVID-19, sendo geralmente transitório, cujo mecanismo ainda não foi bem esclarecido. Existe a hipótese de que o vírus entre no SNC via o trato olfatório, através dos neurônios sensoriais olfatórios localizados na mucosa olfatória. O vírus cruza a lâmina cribiforme e alcança os bulbos olfatórios, que contém os neurônios olfatórios secundários.
EXISTEM 2 REPORTS DISCORDANTES SOBRE O ASSUNTO. VEJA SÓ:
O primeiro mostrava obstrução inflamatória bilateral das fendas olfatórias, confirmado por RM, mas sem alterações nos bulbos e tratos. O segundo demonstrou um aumento volumétrico e alteração de sinal em T2, sendo interpretado como edema.
FICA A DICA! Este trabalho demonstra por RM que o possível mecanismo de disfunção relacionado ao SARS-CoV-2 pode estar relacionado a um fenômeno microvascular.
E ESTE ESTUDO, COMO FOI REALIZADO?
Foram avaliados 5 pacientes com RM, sequencias coronal STIR e pós-contraste, sendo 1 deles com sequência T1 pré-contraste disponível também. Foi definida como normal a intensidade do bulbo olfatório, quando igual a do córtex normal.
Dos pacientes avaliados, todos tiveram síndrome febril com sintomas respiratórios, sendo a RM de crânio indicada por cefaleia ou déficit motor. Todos tiveram alterações nos bulbos olfatórios com alterações no pré- e pós-contraste e STIR. O único paciente que tinha a sequência T1 pré-contraste apresentava hiperintensidade, inclusive em STIR, sugestiva de pequena área de metemoglobina. Os demais 4 pacientes tinham hiperintensidade após a injeção do gadolínio, podendo representar microsangramentos ou realce.
O QUE FOI ABORDADO NA DISCUSSÃO?
Diversos vírus podem usar a via olfatória como acesso ao SNC, como influenza A, herpesvirus, poliovirus e parmixovirus. Nenhum estudo, segundo os autores, avaliou a possibilidade de anormalidades por RM como microsangramentos e/ou realce por esses demais vírus. O envolvimento olfatório é muito mais frequente na COVID-19 porque anosmia unilateral só pode ser identificada após exame detalhado minuncioso.
Os protocolos de RM devem incluir pelo menos sequências coronais com espessura fina pré e pós contraste T1-Fat-sat na fossa craniana anterior.
CONCLUINDO…
Os autores demonstraram por RM que um possível mecanismo de acometimendo olfatório pela COVID-19 é afetando os bulbos olfatórios, com desenvolvimento de fenômenos microvasculares e lesões como microssangramentos e quebra de barreira hematencefálica.
Fonte:
M.F.V.V. Aragão, M.C. Leal, O.Q. Cartaxo Filho, T.M. Fonseca, and M.M. Valença
American Journal of Neuroradiology June 2020;