Este trabalho traz o relato de caso de um paciente do sexo masculino de 73 anos, com mieloma múltiplo, encaminhado para fixação profilática de fraturas patológicas iminentes, através de haste intramedular. Durante o procedimento cirúrgico, o paciente evoluiu com bradicardia e hipotensão súbitas, com reversão por RCP. Foi realizado ecocardiograma transesofágico intraoperatório, que evidenciou forame oval patente. O procedimento cirúrgico foi imediatamente interrompido, pelo risco de tromboembolia pulmonar gordurosa. O paciente foi então encaminhado para realização de RM cranioencefálica, haja vista a prolongada alteração do nível de consciência.
VAMOS ÀS IMAGENS!
Bom, este caso ilustra bem o padrão de imagem tipo 1, em “céu estrelado”, da embolia gordurosa, caracterizado por múltiplos pequenos focos de restrição à difusão (edema citotóxico) corticossubcorticais, “espalhados” nos hemisférios cerebrais. Este tipo é usualmente observado nas fases agudas, costuma ser reversível e com melhor prognóstico.
ESTE É UM DOS PADRÕES DE IMAGEM POSSÍVEIS DE SEREM VISTOS NA RM ENCEFÁLICA. VAMOS REVISAR OS DEMAIS?
Referência utilizada: Kuo et al. Dynamic MR Imaging Patterns of Cerebral Fat Embolism: A Systematic Review with Illustrative Cases. AJNR Am J Neuroradiol 35:1052–57; Jun 2014.
Tipo 2A: Edema citotóxico confluente na substância branca
- Usualmente observado nas fases subagudas.
- Na RM, observam-se áreas coalescentes de restrição à difusão na substância branca periventricular e subcortical, corpo caloso, pedúnculos cerebelares e braço posterior de cápsula interna.
Tipo 2B: Edema vasogênico com ou sem impregnação
- Usualmente observado nas fases subagudas.
- Hipersinal em T2 na substância branca, menores que no tipo 2A, com facilitação à difusão.
- Pode haver impregnação pelo gadolínio, pela quebra de barreira hematoencefálica.
Tipo 2C: Hemorragias petequiais na substância branca
- Pode ser observado em todas as fases (aguda, subaguda e tardia).
- SWI é a sequência mais sensível!
- Envolve predominantemente a substância branca subcortical e segue a distribuição do edema citotóxico.
Tipo 3: Crônico (sequela)
- Usualmente marcada por atrofia cerebral e áreas de gliose, cavitação ou desmielinização crônica.
Fonte:
Brun-Vergara et al,
Images in Radiology; Radiology 2020