Lesões císticas da região selar podem apresentar sinal variado, semelhante ao LCR, hemático, proteico, etc.
Em estudo recente, observou-se que as lesões mais comuns eram os cistos da Bolsa de Rathke, seguidos por adenomas císticos e cistos aracnoide.
O diagnóstico diferencial entre eles pode ser desafiador pois eles podem compartilhar as mesmas apresentações clínicas. Desta forma, este estudo objetiva revisar as apresentações na RM destas lesões.
CISTOS DA BOLSA DE RATHKE
– Lesões benignas decorrentes de remanescentes da bolsa de Rathke que ocorre na região selar e/ou suprasselar.
– Tipicamente são redondos ou ovais, pequenos e situados na pars intermédia, entre os lobos hipofisários anterior e posterior.
– Geralmente são achados incidentais, no entanto em casos raros podem crescer e causar sintomas decorrentes da compressão de estruturas adjacentes, sendo os sintomas mais comuns cefaleia e perda visual.
– Podem ocorrer sangramentos nestes cistos com quadro clínico semelhante à apoplexia de um adenoma.
– Quando a adenohipófise normal ou a haste hipofisária são deslocadas anteriormente, é presumível que a origem da lesão está atrás deles, favorecendo o cisto da bolsa de Rathke.
– O sinal na RM é variável e depende do conteúdo do cisto. Se tiver mais proteína, maior será o sinal em T1 e menor em T2. A parede deste cisto pode apresentar realce fino. Não são observados septos internos ou calcificações.
-Outro achado que podemos observar é um nódulo intracístico, que representa concreção de proteínas e colesterol, com sinal variável.
ADENOMA HIPOFISÁRIO
– Aproximadamente 48% dos adenomas hipofisários podem ter componentes císticos e geralmente resultam de hemorragia intratumoral ou infarto isquêmico.
– A temporalidade da hemorragia intratumoral pode levar a várias intensidades de sinal em T2. Enquanto isso, o infarto lesional é caracterizado por ausência de realce.
– Quando toda a lesão apresenta degeneração cística, pode ser confundido com um cisto da bolsa de Rathke. Contudo, a identificação de septação interna e áreas sólidas de realce, representando fragmentos tumorais não degenerados, favorece o diagnóstico de adenoma.
– Outros achados para fazer a diferenciação com o cisto da bolsa de Rathke são: uma localização fora da linha média, abaulamento lateral da hipófise e nível fluido-fluido de conteúdo hemático.
CRANIOFARINGIOMA
– Apresentam um pico bimodal de distribuição sendo o primeiro entre 5 a 14 anos e o segundo entre a sexta e sétima décadas.
– A apresentação clínica ocorre geralmente por sinais e sintomas de compressão das estruturas vizinhas da sela turca, podendo cursar também com diabetes insipidus.
– São classificados em 2 subtipos histológicos: adamantinomatoso e papilar.
– Os adamantinomatosos são mais frequentes e são diagnosticados em populações pediátricas e adultas. Em relação a imagem, 90% deles são predominantemente císticos.
– Os papilares são diagnosticados principalmente em adultos e em geral são sólidos, apesar de existirem lesões puramente císticas.
– Os craniofaringiomas puramente císticos restritos ao compartimento suprasselar são mais fáceis de suspeitar porque não haverá alteração na sela turca e hipófise.
– Na ressonância magnética, as lesões císticas podem apresentar intensidades de sinal variáveis, como alto sinal em T1 denotando níveis elevados de proteína, colesterol, calcificações ou sangramento.
CISTO ARACNÓIDE
– Cistos aracnoides selares e suprasselares são raros, representando menos de 1% de todas as lesões selares.
– Estas lesões parecem se originar de defeitos do diafragma da sela através do qual a membrana aracnoide hérnia.
– Na imagem este cisto terá o sinal semelhante ao líquor em todas as sequências, porém pode cursar com septos, focos de calcificação e sangramentos.
– Em geral o parênquima hipofisário pode ser visto como um tecido que realça deslocado posteriormente pela lesão. A haste hipofisária geralmente está deslocada ou não é identificada.
– As vezes, o conteúdo do cisto pode aparecer ligeiramente diferente do LCR, o que pode ser explicado por uma maior concentração proteica .
– O diagnóstico por imagem dos cistos aracnóides selares é de grande importância para manejo cirúrgico, visto que alguns autores preferem a abordagem transcraniana, uma vez que a via transesfenoidal pode levar ao vazamento de LCR.
Observação: Sela Turca vazia
FLUXOGRAMA FINAL