Decreased Craniocervical CSF Flow in Patients with Normal Pressure Hydrocephalus: A Pilot Study

A hidrocefalia de pressão normal (HPN) é a causa mais frequente de hidrocefalia em idosos, caracteristicamente descritiva para tríade de Hakim-Adams, sendo aparentemente responsiva a shunt de líquido cefalorraquidiano (LCR) sobretudo quando o diagnóstico é feito de forma precoce. Os achados típicos de HPN incluem ventriculomegalia, com índice de Evans > 0.31; estreitamento do ângulo calosal (<90º); hipersinal T2/FLAIR periventricular e alargamento das fissuras sylvianas (DESH). As sequências de phase-contrast permitem quantificação e caracterização de fluxo pulsátil com alta resolução temporal e espacial, cujos parâmetros estão relacionados ao fluxo cardíaco. Alguns estudos têm mostrado oscilações de LCR no aqueduto cerebral e menores taxas de fluxo cerebral total no nível cervical em pacientes com HPN.

FISIOPATOLOGIA DA HPN

A fisiopatologia da HPN persiste incerta, podendo estar relacionada a hipertensão crônica que pode gerar isquemia periventricular, resultando em dilatação dos ventrículos e redução da complacência dos espaços liquóricos ou mesmo diminuição da resistência venosa, levando a uma diminuição da absorção de LCR. Outras teorias trazem uma relação da HPN com a dinâmica anormal do LCR e do fluxo sanguíneo.

OBJETIVO

Os autores visaram investigar as taxas de fluxo de LCR craniospinal em pacientes com HPN e comparar com controles, hipotetizando que o fluxo de saída de LCR é reduzido em pacientes com HPN, resultado de uma disfunção dos espaços liquóricos espinais.

COMO FOI FEITO

42 participantes foram envolvidos no estudo, divididos em 3 grupos: (1)10 HPN confirmada por critérios científicos (Media de 74 anos); (2) 18 controles saudáveis pareados por idade (media de 71 anos); (3)14 controles saudáveis para investigação dos efeitos da idade ( de 18-25 anos). Para avaliação inicial por imagem foi realizada uma TC do crânio, sendo considerada HPN se ventriculomegalia, com índice de Evans > 0.3; apagamento dos sulcos das convexidade sagital e alargamentos das fissuras sylvianas. Foi realizado também o teste terapêutico de drenagem de 30 cc de LCR via punção lombar (positivo se melhora a marcha pós drenagem em cerca de 20% e da demência em 10% segundo uso de escalas clinicas).

Todos os exames foram realizados em aparelho de 3T, com sequencias FLAIR axial e sagital 3D MPRAGE. As medidas de fluxo hemo e hidrodinâmicos foram VENC (velocity-encoded) e cine phase-contrast sequences. Inicialmente um alto VENC (80cm/s) foi adquirido para quantificar a velocidade de fluxo nas artérias carótidas internas e vertebrais. Depois um baixo VENC (8-10cm/s) foi utilizado para quantificar o fluxo de LCR. Todas as medidas foram obtidas no plano de C2 com orientação perpendicular às 4 artérias para o alto VENC e ao canal espinal para o baixo VENC. A taxa de fluxo volumétrica foi calculada após integração das velocidades de fluxo de uma área seccional de todos as 32 imagens obtidas de um ciclo cardíaco.

Foram, portanto, obtidos:

1) Taxa de fluxo de LCR máxima do cérebro ao canal espinal durante à sístole (CSF max).

2) Taxa de fluxo sanguíneo máximo arterial para o cérebro durante a sístole (ACBmax)

3) Razao ACBmax/CSFmax

4) Diametro mínimo do canal espinal

Decreased Craniocervical CSF Flow in Patients with Normal Pressure Hydrocephalus: A Pilot Study

Decreased Craniocervical CSF Flow in Patients with Normal Pressure Hydrocephalus: A Pilot Study

RESULTADOS

– CSFmax do cérebro: Diferente nos 3 grupos. Diminuido no grupo 1 versus o grupo 2. Diminuido grupo 2 versus grupo 3.

– ACBmax: sem diferença significativa nos 3 grupos.

– Razao CSFmax/ACBmax: Diferente nos 3 grupos. Diminuido no grupo 1 versus o grupo 2. Diminuido grupo 2 versus grupo 3.

– Diametro mínimo do canal espinal: Diferente nos 3 grupos. Diminuido no grupo 1 versus o grupo 2. Diminuido grupo 2 versus grupo 3. Maior no grupo 3 versus grupos 1 e 2.

– Foi observado também correlação positiva entre o menor diâmetro do canal espinal e o menor CSFmax.

–> Os achados de baixo CSFmax no grupo HPN corroboram a hipótese de que sua fisiopatologia está associada a uma dinâmica anormal de LCR e de fluxo sanguíneo, relacionado também a alterações na complacência dos vasos e dos espaços liquoricos craniospinais.

CONCLUSÃO

Os autores concluem, portanto, que CSFmax foi mais baixo em pacientes com HPN comparado com os controles, independente de efeitos relacionados a idade quanto ao fluxo de LCR e alterações do fluxo sanguíneo arterial. A redução da complacência dos espaços liquoricos espinais tem um papel importante na fisiopatologia da HPN.

Fonte:

S.M. Stöcklein, M. Brandlhuber, S.S. Lause, A. Pomschar, K. Jahn, R. Schniepp, N. Alperin and B. Ertl-
Wagner. American Journal of Neuroradiology Jan 2022

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