Este é o caso de uma paciente de 39 anos queixando-se de vertigem.
Ao exame físico, apresentava síndrome de Horner à direita, nistagmo horizontal evocado pelo olhar com fase rápida para a esquerda, ataxia de membros superior e inferior direitos e redução da sensibilidade térmica na hemiface, braço e perna esquerdos.
Foi submetida à ressonância magnética do crânio, em que se evidenciou área de isquemia no aspecto dorsolateral direito do bulbo, por dissecção do segmento V4 da artéria vertebral deste lado. Veja:
Este conjunto de achados clínicos e de imagem configura a síndrome bulbar lateral ou, pelo epônimo, síndrome de Wallenberg!
Você sabe quais as estruturas anatômicas envolvidas na síndrome de Wallenberg?
Te ajudamos a entender melhor com este esquema ilustrativo…
1 semana depois, a paciente passou a queixar-se de aumento da sudorese na testa à esquerda, que piorava ao esforço físico e à exposição ao calor. Veja a foto…
Como vimos, uma das manifestações da síndrome de Wallenberg é a síndrome de Horner, caracterizada por miose, ptose, anidrose e enoftalmia HOMOLATERAIS à lesão bulbar, por ser decorrente do envolvimento do trato simpático!
O trato simpático (hipotalamoespinal) carrega fibras simpáticas do hipotálamo até a medula espinal, com trajeto no aspecto lateral da ponte e do bulbo do mesmo lado.
Vamos entender melhor esta via através do esquema a seguir.
E como explicar então a hiperidrose contralateral à lesão bulbar?
Como vimos, a interrupção do trato simpático descendente, há perda da estimulação das fibras sudomotoras e vasomotoras para glândulas sudoríparas da hemiface, levando à anidrose homolateral. Por mecanismos compensatórios, desenvolve-se hiperidrose na hemiface contralateral e, em seguida, alopécia.
Este caso é bastante interessante e nos relembra da importância do conhecimento em Neuroanatomia para topografar as lesões encefálicas e nos ajudar no raciocínio acerca de seus possíveis achados associados!
E aí, gostaram? =)