Estudos demonstram que vários vírus respiratórios, incluindo os coronavírus (CoVs), têm potencial neuroinvasivo. Os CoVs podem se espalhar do trato respiratório para o SNC, desencadeando ou exacerbando uma patologia neurológica, seja como resultado de replicação viral direta ou resposta imunológica exacerbada.
Há 2 principais mecanismos conhecidos pelos quais o vírus podem infectar o SNC:
– Hematogênico: o vírus pode atravessar a barreira hematencefálica através de células endoteliais microvasculares e pericitos por vesículas endocíticas… ou ser carreado por leucócitos de forma oculta (como um “cavalo de troia”)
– Neuronal retrógrado: o vírus invade os neurônios na periferia (receptores olfativos na cavidade nasal ou fibras sensoriais do nervo vago no tronco encefálico) e utiliza mecanismos de transporte ativos para obter acesso ao SNC.
Hum… e essas teorias são comprovadas? Na verdade, muitas dessas teorias são apenas especulativas ou baseadas em evidências fracas. Por exemplo, há evidências que apontam contra a rota hematogênica. Estudos em humanos post-mortem demonstram a presença de SARS apenas em neurônios e não em outros tipos de células do cérebro.
A capacidade do SARS, MERS e outros CoVs de disseminar-se por mecanismo retrógrado foi demonstrada em modelos de camundongos, via inoculação intranasal e subsequente infecção do bulbo olfatório... Veja o esquema abaixo, que ilustra isso muito bem:
Os neurorradiologistas encontrarão, sem dúvida, um número crescente de pacientes com COVID-19 na prática diária. Portanto, eles devem estar cientes do potencial de lesão no SNC, diretamente ou indiretamente, porque as respostas imunes do hospedeiro empreendem uma “guerra total”.
Além disso, deve-se ter cuidado com os impactos secundários do COVID-19 no SNC em pacientes graves, como hipóxia como resultado da SDRA, hemorragia cerebral, coagulação intravascular disseminada, embolia aérea e gordurosa em pacientes com sepse.
Assim, a neuroimagem deve ser correlacionada ao quadro clínico ao avaliar complicações como ADEM, encefalite e síndrome de Guillain-Barré… afinal, essas são complicações reconhecíveis e relatadas neste cenário!
BE MINDFUL! 🙂
Fonte:
M. Morris and V.M. Zohrabian
American Journal of Neuroradiology April 2020