Tumores Sólidos/Sólido-cístico bem delimitados
Odontogênico
Ameloblastoma
Lesão benigna, mas localmente agressiva. Surge das células formadoras do esmalte do epitélio odontogênico e, menos comumente, do revestimento de um cisto dentígero.
O pico de incidência é da quarta a sexta décadas de vida, sem predileção por sexo.
Tumor odontogênico mais comum, correspondendo a quase 10% desses tumores.
Classificado em:
– Ameloblastoma unicístico: tem um comportamento biológico relativamente benigno e afeta a faixa etária mais jovem, principalmente na segunda década de vida.
– Tipo extraósseo/periférico: é um tumor raro e pode ser observado envolvendo a mucosa bucal, lábios etc. Diagnóstico feito apenas pelo anatomopatológico.
– Ameloblastoma metastático: refere-se ao tumor que apresenta metástases distantes, mas é histologicamente benigno.
Achados de imagem
· Lesão radiolúcida unilocular/multilocular com acentuada expansão vestíbulo-lingual.
· Localização típica é a mandíbula posterior (corpo posterior e ramo).
· As septações no interior da lesão podem dar aspecto de “favo de mel” ou “bolha de sabão”
· Ruptura cortical, reabsorção radicular e extensão dos tecidos moles devido à agressividade da lesão.
· Realce do componente sólido na TC e RM.
· Componente cístico com baixo sinal T1 e alto sinal T2.
· Restrição da difusão do componente sólido.
Não odontogênicos
Granuloma Central de Células Gigantes
Resulta de um processo reativo secundário à hemorragia na mandíbula. Histologicamente, há áreas de hemorragia, tecido fibroso e células gigantes semelhantes à osteoclastos na lesão.
Mais frequente em mulheres jovens na segunda e terceira décadas de vida.
Achados de imagem
· Lesão expansiva multilocular na mandíbula anterior, com tendência a cruzar a linha média.
· A lesão pode mostrar expansão e adelgaçamento e remodelação cortical. As septações internas podem dar origem a uma aparência de “favo de mel”.
·Na RM, a lesão apresenta sinal intermediário nas imagens T1 e T2 com realce moderado a acentuado pelo contraste.
Histiocitose de Células de Langerhans
Doença caracterizada pela proliferação anormal de células de Langerhans do sistema reticuloendotelial. A mandíbula é o segundo osso mais comumente envolvido depois do crânio. Em geral na infância/adolescência.
Os sintomas variam de dor, inchaço, afrouxamento dos dentes e limitação da abertura da boca.
Achados de imagem
· Lesão lítica, geralmente com bordas bem definidas.
· Aparência de “dentes flutuantes”.
· A ruptura cortical, a extensão dos tecidos moles e o realce acentuado podem ser vistos nas imagens transversais.
Lesões Radiolucentes com Margens Mal Definidas
Odontogênico
Tumores Odontogênicos Malignos
Estes são tumores raros que incluem carcinomas e sarcomas odontogênicos. As características agressivas que apontam para malignidade incluem margens mal definidas, destruição cortical, extensão de tecidos moles e componentes de realce sólidos que mostram difusão restrita na ressonância magnética.
Não odontogênico
Osteomielite
Afeta mais frequentemente a mandíbula do que a maxila.
As causas incluem infecção pulpar ou periodontal, trauma, corpo estranho ou procedimento cirúrgico anterior.
A osteomielite pode ser aguda ou crônica. Enquanto a osteomielite aguda se apresenta com dor intensa, febre, edema, trismo, parestesias ou mesmo fratura patológica, os casos crônicos geralmente são mais indolentes na apresentação.
Achados de imagem
· Cenário clínico de infecção odontogênica/trauma/cirurgia.
· Lesão lítica mal definida com reação periosteal e foco de dente cariado.
· Perda dos planos de gordura dos tecidos moles circundantes com abscessos que aumentam a borda.
· Marcado hipossinal medular em T1.
Osteonecrose
A osteonecrose da mandíbula pode ocorrer como resultado de radiação (osteorradionecrose) ou medicação que pode ter efeitos antiangiogênicos/supressão da remodelação óssea (osteonecrose da mandíbula relacionada à medicação [OMRM]).
Os medicamentos relacionados são: bifosfonatos usados no tratamento de osteoporose e malignidade e inibidores de tirosina quinase do tipo imunossupressor ou inibidores do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF).
O diagnóstico de OMRM é baseado em três critérios:
1. Área de osso exposto que não cicatriza por mais de 8 semanas.
2. Tratamento passado ou atual com medicamentos relacionados.
3. Sem antecedente de radioterapia.
4. Em geral, ocorre entre 6 e 60 meses de tratamento.
A osteorradionecrose em geral ocorre dentro de 4 meses a 2 anos, embora também tenha sido relatada apresentação tardia após muitos anos.
Os fatores de risco incluem a carga e o estágio do tumor, alta dose de radioterapia, quimiorradiação concomitante, lesão ou extração dentária, infecção, imunossupressão, estado nutricional ruim e higiene bucal deficiente.
Os estágios iniciais podem ser assintomáticos e detectados apenas em exames de imagem. Os pacientes geralmente se apresentam tardiamente com osso necrótico exposto e mucosa ulcerada. Outras características incluem dor, descarga de pus, trismo, parestesias e febre.
Achados de imagem
· Estágio Inicial: Áreas líticas mal definidas, destruição óssea permeativa e focos escleróticos .
· Estágio avançado: Sequestro, fragmentação, áreas de atenuação gasosa, destruição cortical, reação periosteal e fraturas patológicas.
Tumores Malignos Não Odontogênicos
Tumores não odontogênicos são em sua maioria extensões de carcinoma espinocelular da cavidade oral. Outras lesões malignas não odontogênicas que afetam a mandíbula incluem as seguintes:
· Metástases.
· Malignidades hematológicas.
· Sarcomas de elementos ósseos, cartilaginosos ou neuroectodérmicos.
· Transformação maligna de remanescentes epiteliais salivares intraósseos.
Sarcomas
Incluem osteossarcoma (mais comum), condrossarcoma, fibrossarcoma e sarcoma de Ewin. O osteossarcoma primário da mandíbula ocorre um pouco mais tarde do que outros ossos longos, com pico de incidência na terceira e quarta décadas de vida.
O osteossarcoma também pode ocorrer secundariamente à radioterapia da região da cabeça e pescoço. É mais frequentemente visto envolvendo a mandíbula posterior.
Achados de imagem
– Lesão lítica, esclerótica ou mista.
– As formas esclerótica e mista podem apresentar a característica reação periosteal em “raio de sol” com destruição cortical.