Widening the Neuroimaging Features of Adenosine Deaminase 2 Deficiency

Presente usualmente na faixa etária pediátrica, a deficiência da adenosina deaminase  2 (DAD2) é uma condição autossômica recessiva caracterizada por autoinflamação sistêmica, vasculopatia semelhante àquela vista na poliarterite nodosa, arteriopatia não inflamatória de pequenos e médios vasos e desordens hematológicas.

O gene ADA2 localiza-se no cromossomo 22q11.1 e codifica a enzima ADA2, primariamente secretada por células de linhagem mieloide, responsável pela conversão de adenosina em inosina. A ADA2 apresenta funções antiinflamatórias e imunomoduladoras, desempenhando papel importante na manutenção da integridade vascular. Dessa forma, o substrato patológico principal reside na promoção de autoinflamação sistêmica, sendo o sistema neurológico usualmente precocemente envolvido no curso clínico da doença.

E A CLÍNICA?

Manifestações neurológicas são marcadores de gravidade da doença e variam de mínimos a desfechos fatais, usualmente acompanhados de alterações inflamatórias. São descritos também quadros neurológicos silenciosos/AIT, perda auditiva neurossensorial aguda e neurite óptica. O reconhecimento precoce desta condição e a instituição de tratamento com anti-TNF pode levar à remissão completa de doença e prevenção de recorrência.

COMO FOI REALIZADO ESTE TRABALHO?

Neste trabalho multicêntrico envolvendo 6 hospitais italianos, foram incluídos 12 pacientes com diagnóstico genético confirmado de DADA2, de 9 famílias diferentes. Os autores propõem uma revisão dos principais achados neurológicos da doença nos pacientes citados, revisados por 2 neurorradiologistas experientes, e descrevem 2 padrões de imagem inéditos.

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VAMOS AOS RESULTADOS!

  • Todos os pacientes apresentaram o fenótipo vascular, como era esperado.
  • Infartos lacunares na imagem inicial foram observados em 9 dos 12 pacientes, com novas lesões isquêmicas identificadas em 5 destes pacientes no follow-up, sendo 1 deles com lesão isquêmica medular. Importante ressaltar que os novos eventos isquêmicos apenas ocorreram em pacientes sem tratamento com anti-TNF. 7/12 pacientes: oclusão de pequenos vasos com infartos lacunares, sendo a região nucleocapsular a mais envolvida, seguida pelo tronco encefálico e tálamos. 1/12: AVCh extenso.4/9 pacientes: envolvimento de circulação anterior (3/9) e posterior (2/9).
  • Leve atrofia cerebral foi observada em 5/12 pacientes, porém não apresentou padrão progressivo no follow-up.
  • Anormalidades arteriais intracranianas: aneurismas (2/12), trombosados no follow-up, e estenoses. Usualmente não identificados em exames de imagem, tendo em vista que a condição acomete pequenos e médios vasos.
  • Focos de microhemorragias foram vistos em 2 pacientes.

FICA A DICA! Em ⅓ dos pacientes, foi observada de maneira inédita, a presença de tecido com impregnação pelo meio de contraste, na fossa interpeduncular, cisterna crural e conduto auditivo interno, circundando a artéria basilar, artérias cerebrais posteriores e AICA.

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  • Espessamento parietal vascular excêntrico (diferente do padrão concêntrico usualmente visto em vasculites) foi observado em todos os pacientes, de maneira mais pronunciada na origem de perfurantes, levando à estenose arterial progressiva em 1 paciente.
  • Padrão de lesão típicas para PRES foi visto em 2 pacientes, ambos manifestando-se com crises epilépticas. Acredita-se que esses eventos ocorram em contexto de hipertensão arterial sistêmica, uma complicação comum da DADA2. Tendo em vista que a ADA2 é um fator de crescimento endotelial, a deficiência desta enzima pode levar à disfunção endotelial, fator chave no mecanismo de desenvolvimento da PRES.

Não foram observadas áreas de impregnação parenquimatosa anômala pelo meio de contraste.

MAIS IMAGENS!

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Fonte:

AF Geraldo et al. AJNR. 2021 February

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